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A pesquisa sempre foi fundamental no trabalho de prevenção as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), mas a educação é essencial para conscientizar as atuais e futuras gerações sobre essas infecções. Nesse aspecto, o Projeto Horizonte, da Faculdade de Medicina da UFMG, se soma ao PrEP1519 Minas no desenvolvimento de abordagens para prevenção à Aids. 

Para quem ainda não conhece, o Projeto Horizonte atua há 27 anos acompanhando pessoas que se identificam como homens gays ou bissexuais e mulheres trans que não estão vivendo com HIV. O objetivo é avaliar os fatores de risco associados à infecção pelo vírus, bem como a eficácia do aconselhamento e de intervenções educativas na redução das práticas de risco. 

No projeto, os participantes recebem apoio psicossocial e realizam exame clínico, exame de sangue, inclusive de HIV, sífilis e hepatites. Além disso, são realizados grupos focais, discussões de cinema e rodas de conversa para falar sobre temas relacionados à sexualidade, direitos dessa população, sexo, prazer, prevenção e negociação de riscos. 

O retorno para os exames clínicos é a cada seis meses, mas os participantes recebem preservativos e gel lubrificante suficientes até esse encontro.  

Para aqueles que apresentem soroconversão – ou seja, sejam infectados pelo vírus – o Horizonte oferece cuidados médicos e psicológicos no Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias Orestes Diniz, da Prefeitura de Belo Horizonte.

O Projeto Horizonte iniciou em 1994, em uma época em que o tratamento para o HIV ainda não era tão avançado quanto atualmente. Foi criado a partir de uma proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde para estabelecer um centro nacional de testes para vacinas anti-HIV, em que o Horizonte faria o recrutamento de voluntários. A primeira vacina testada no Brasil foi na UFMG, em 1995, no serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), do Hospital das Clínicas da UFMG. 

Além de promover intervenção educativa e prevenção à Aids, o Horizonte coleta dados epidemiológicos sobre o HIV/Aids.

“Você só consegue lidar com mudanças de políticas públicas se você tiver dados robustos e fazemos isso da maneira correta, cientificamente. Esses dados servem não somente para pressionar políticas públicas, mas para forçar a revisão de políticas públicas direcionadas a essa população”, explica o coordenador do Projeto Horizonte, infectologista e professor emérito da UFMG, Dirceu Greco.

PrEP e Horizonte

O professor também é um dos responsáveis por coordenar o projeto PrEP1519 Minas. Mas, na prática, qual é relação entre esses projetos?  Ambos os projetos atuam com educação sexual e um público jovem.  A  PrEP integra população chave de 15 a 19 anos, e o Horizonte, mais recentemente, passou a receber participantes a partir de 15 anos, sem limite de idade. Antes, a idade mínina era de 18 anos. 

O perfil dos participantes dos dois projetos é semelhante: são pessoas que estão mais vulneráveis devido às diversas barreiras sociais e também de acesso à saúde e educação, como homens gays, que fazem sexo com homens, travestis e mulheres trans, especialmente pessoas negros e que residem em periferias.  

O professor Dirceu Greco explica que a experiência da equipe do Horizonte, acumulada nessas quase três décadas de projeto, foi a base para a realização da PrEP 15-19, que conta com a mesma equipe. Apesar de terem em comum a educação sexual, apoio psicossocial e compartilhamento de informações e experiências, a PrEP avalia o uso da Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP) como parte da chamada prevenção combinada. 

“A PrEP é mais voltada para discutir várias coisas em relação a uma medicação, que é a associação de dois medicamentos para prevenção ao HIV – tenovofir e emtricitabina – para saber se é aceitável, os possíveis efeitos colaterais, como as pessoas lidam. É a prevenção combinada. Já o Horizonte não fornece nenhum medicamento”, diferencia Greco. 

O Horizonte é coorte (grupo de pessoas que compartilham uma característica ou experiência comum e são acompanhados por um período significativo de tempo) mais longevo do Brasil que lida com essa população. Na época de sua concepção, foram criados outros dois pólos, em São Paulo, na USP, e no Rio de Janeiro, pela Fiocruz, mas o Projeto é o único que permanece atuante. 

Opinião 

Leonardo Prado, de 38 anos, é residente de Belo Horizonte e voluntário do Projeto Horizonte desde 2009. Ele conta que o projeto foi um divisor de água na sua vida. “Só veio a somar nas práticas e condutas que eu sempre procurei ter na minha vida de modo geral. Para além de tudo, oferece muito coisa, tem muita preocupação com o ser humano, sem julgamentos e diferenças. O projeto é pra mim esse norte que me direciona, por meio de palestras, encontros, presença nos principais eventos de BH e todo o apoio psicossocial. A sensação é de pertencimento”, comenta. 

Para conhecer mais sobre a experiência do Leonardo e a história e importância do Horizonte, ouça o podcast a seguir.  

Projeto Horizonte
Alameda Vereador Álvaro Celso, 241, Santa Efigênia – Belo Horizonte
Telefone: (31) 3226-8188
WhatsApp: (31) 991127270
Email: horizonte@medicina.ufmg.br
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