Como uma das estratégias de prevenção combinada do HIV, o Ministério da Saúde prevê ampliar a prescrição da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) em até 300% até o ano de 2027, uma expansão em escala inédita. No ano passado, 70.312 pessoas receberam pelo menos uma dispensação do medicamento (72% destas estavam em uso de PrEP no mês de dezembro). Os dados foram divulgados no Relatório de Monitoramento de PrEP e PEP ao HIV.
O relatório também traz a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de Risco à Infecção pelo HIV, feita em agosto de 2022, que trouxe mudanças nos critérios de indicação da PrEP no Brasil. Ampliou-se a indicação da profilaxia para todos os adultos e adolescentes com mais de 15 anos e com peso corporal igual ou maior a 35 kg, sexualmente ativos e sob risco aumentado de infecção pelo HIV.
Em comparação com dados preliminares de 2023, o Ministério da Saúde tem motivos para comemorar, já que só no primeiro semestre esse número passou para 88.6 mil, o que representa um aumento de 20,6%. O órgão atribui o salto à retomada das ações de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os avanços conquistados este ano, está a disponibilização da profilaxia nos ambulatórios que acompanham a saúde de pessoas trans.
O diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Draurio Barreira, trabalha para que a profilaxia esteja “disponível para quem quiser”, da mesma forma que os preservativos estão disponíveis nas unidades básicas de saúde.
– Para algumas doenças, ou você tem vacinas ou você tem medicamentos. No caso do HIV, quando a elevação da carga viral fica indetectável, a pessoa não transmite algo que não tem na corrente sanguínea. Então a PrEP tornou-se absoluta prioridade em termos de prevenção – afirmou ao site do Ministério da Saúde.
O relatório referente ao ano de 2022 traça um perfil dos usuários da profilaxia, com diferentes recortes. No recorte por estados, nós vemos São Paulo com quase 30 mil usuários com pelo menos uma dispensação, o maior índice do ranking. Minas Gerais e Bahia, entretanto, apresentam maior porcentagem de usuários que continuavam em PrEP em dezembro, com 78% e 74%, respectivamente.
ESTADO | Nº DE USUÁRIOS COM PELO MENOS UMA DISPENSAÇÃO EM 2022 | Nº DE USUÁRIOS EM PREP EM 31/12/2022 | % DE USUÁRIOS EM PREP EM 31/12/2022 |
BAHIA | 1.773 | 1.304 | 74% |
MINAS GERAIS | 3.285 | 2.562 | 78% |
SÃO PAULO | 29.412 | 20.407 | 69% |
Das 50.745 pessoas que usaram PrEP em 2022 (que receberam pelo menos uma dispensação e cuja última estava válida em 31 de dezembro), 84% eram gays e outros homens que fazem sexo com homens cis, 6% eram mulheres cis, 5% homens heterossexuais cis, 4% mulheres trans, 0,5% homens trans, 0,4% pessoas não-bináries e 0,3% travestis.
ESTADO | GAYS E OUTROS HSH CIS | MULHERES TRANS/TRAVESTIS | HOMENS TRANS | MULHERES CIS | HOMENS CIS HETERO | NÃO-BINARIES |
BAHIA | 88% | 4% | – – – | 4% | 4% | 0,4% |
MINAS GERAIS | 87% | 3% | – – – | 4% | 4% | 0,2% |
SÃO PAULO | 86% | 4% | – – – | 5% | 4% | 0,3% |
O recorte por faixa etária mostra que, em 2022, 42% dos usuários de PrEP tinham entre 30 e 39 anos, 24% entre 25 e 29 anos, 11% de 18 a 24 anos, e 6% tinham 50 anos ou mais.
ESTADO | MENORES DE 18 ANOS | 18 a 24 ANOS | 25 a 29 ANOS | 30 a 39 ANOS | 40 a 49 ANOS | 50 ANOS E MAIS |
BAHIA | – – – | 11% | 26% | 39% | 18% | 6% |
MINAS GERAIS | 0,1% | 10% | 25% | 43% | 16% | 6% |
SÃO PAULO | 0,1% | 10% | 23% | 43% | 18% | 7% |
Agora o recorte racial: a maior parte dos usuários de PrEP se declararam brancos ou amarelos (56%), 31% se declararam pardos, 12% se declararam pretos, enquanto 0,4% se declararam indígenas.
ESTADO | BRANCA/AMARELA | PARDA | PRETA | INDÍGENA |
BAHIA | 23% | 46% | 31% | 0,4% |
MINAS GERAIS | 56% | 29% | 14% | 0,2% |
SÃO PAULO | 64% | 24% | 12% | 0,4% |
A divulgação do relatório de monitoramento de PrEP e PEP é fundamental para apoiar os gestores na ampliação do acesso às profilaxias e contribuir para a resposta dos serviços no controle do HIV no país.
O relatório completo pode ser acessado neste link disponibilizado pelo Ministério da Saúde.