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Rafael Santana

A ativista LGBTQIA+ Keila Simpson fez história ao se tornar a primeira travesti Doutora Honoris Causa no Brasil, título aprovado por unanimidade pelo Conselho da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no dia 15 de dezembro de 2022. Ela é também a primeira pessoa transgênero a receber o título em vida.

Keila Simpson é a primeira travesti Honoris Causa. Crédito: arquivo pessoal

Esse é o título mais importante concedido pela universidade e pode ser atribuído a personalidade eminente, nacional ou estrangeira, que tenha se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação ou à humanidade. Em suas redes sociais, Keila vibrou com a honraria. 

– Aqui é a metade do caminho. A máxima “nossa vingança é envelhecer” foi atualizada com sucesso. Obrigada! – disse. 

Uma das ativistas LGBTQIA+ mais importantes do país, Keila Simpson nasceu em Pedreiras, no interior do Maranhão. Na década de 80, trabalhou como doméstica em Teresina, no Piauí, onde teve o primeiro contato com a prostituição. Também residiu em Recife, porém foi na Bahia que construiu todas as bases da sua militância.

Na década de 90, Keila fundou a Associação de Travestis de Salvador e a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), que preside até hoje. Ela também tem forte atuação como militante do campo social no enfrentamento da epidemia do HIV.

Em 2013, Keila Simpson presidiu o Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT, mesmo ano em que recebeu, das mãos da então presidenta Dilma Rousseff, o Prêmio Nacional dos Direitos Humanos, em reconhecimento aos serviços prestados à comunidade LGBTQIA+.

Vai ter travesti no governo!

O primeiro dia de 2023 marcou o início do governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, que pela terceira vez assumiu a presidência do Brasil. No discurso do novo presidente, ficou destacado o comprometimento com causas sociais, entre elas a defesa da comunidade LGBTQIA+. É nesse contexto que a ativista Symmy Larrat assume a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, uma pasta inédita no governo federal.

Symmy Larrat assume pasta no governo Lula. Crédito: Agência Brasil

Paraense de Cametá, Symmy Larrat se reconhece como travesti. O nome dela para comandar a pasta foi anunciado no dia 31 de dezembro, pelo jurista Silvio Almeida, o novo ministro dos Direitos Humanos. Em uma postagem nas redes sociais, ela agradeceu o convite e falou sobre o novo desafio.

– Sei do imenso desafio que será essa tarefa e do que o momento histórico exige de nós e espero dar as respostas necessárias e que nossa população precisa. Vai ter Travesti sim no governo e em local de destaque no segundo escalão do Ministério dos Direitos Humanos, um espaço que nunca antes fora ocupado por alguma de nós – afirmou.

Symmy Larrat tem forte atuação na política. No governo de Dilma Rousseff, ela foi a primeira travesti a ocupar a função de coordenadora-geral de Promoção dos Direitos LGBT, dentro da Secretaria de Direitos Humanos. Quando Fernando Haddad foi prefeito de São Paulo, ela implementou o Programa Transcidadania, o primeiro de políticas públicas interseccionais para pessoas transgêneras no país.

A militância de Symmy Larrat teve início na década de 90, na região Norte, em comunidades eclesiais de bases e no movimento estudantil. Atualmente exerce o cargo de presidenta da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT).

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