No mês que marca o Orgulho LGBTQIAPN+, comemorado no dia 28 de junho, as pautas que envolvem a comunidade ganham o noticiário e as redes sociais. É um momento importante, mas é sempre bom lembrar que o combate à discriminação e a luta por direitos não podem ficar restritos a uma data e precisam ser empenhados o ano inteiro.
Um artigo de autoria dos pesquisadores do nosso projeto mostrou que, entre Homens que fazem Sexo com Homens (HSH), a percepção de discriminação devido a sua orientação sexual subiu de 27,7% para 65%, entre os anos de 2009 e 2016.
O artigo “Percepção de discriminação com base na orientação sexual e fatores associados entre homens que fazem sexo com homens em 12 cidades brasileiras” contou com a participação de 4.176 HSH, e a maior parte deles tinha menos de 25 anos (56,1%), era solteiro (86,3%), afirmava ser religioso (53,1%), não tinha ensino fundamental ou ensino médio completo (70,3%).
Mais da metade dos participantes do estudo relatou medo de frequentar espaços públicos (60,3%), enquanto cerca de um quarto já havia sofrido violência física (23,5%) ou sexual (21%) na vida. No total, 45,4% dos entrevistados revelaram ter tido aprovação familiar; 33,4% sofreram com desaprovação ou indiferença da família em relação à orientação sexual; enquanto 21,3% disseram que os familiares não tinham conhecimento da sua orientação sexual.
Outros dados: um pequeno percentual (17,9%) relatou participar de ONGs LGBTQIAPN+, um terço (33,8%) nunca havia feito um teste de HIV e quase um quinto (18%) apresentou ideia suicida nas duas semanas anteriores à pesquisa.
Em outro artigo, nossos pesquisadores defendem que a discriminação de gênero continua sendo uma barreira substancial ao acesso à saúde e à prevenção do HIV entre mulheres trans no Brasil. O trabalho é intitulado “Associação entre discriminação de gênero e consultas médicas e testagem para HIV em uma grande amostra de mulheres transexuais no Nordeste do Brasil”.
O estudo revela que 547 mulheres transgênero (67%) foram a consultas médicas e 385 (45,8%) realizaram o teste de HIV nos últimos 12 meses.
O artigo concluiu que a discriminação com base no gênero desempenhou um papel essencial na redução do acesso de mulheres transexuais a consultas médicas e serviços de teste de HIV. Os achados apontam para a necessidade de políticas não discriminatórias baseadas na defesa e promoção dos direitos humanos que possam favorecer o acesso de mulheres trans e travestis aos serviços de saúde brasileiros.
Confira abaixo trabalhos apresentados pela nossa equipe de pesquisadores e leia clicando no link.
Discriminação por orientação sexual entre HSH no Brasil: uma análise de classes latentes