A ativista maranhense Keila Simpson se tornou a primeira travesti a receber o Título de Cidadã de Salvador, concedido pela Câmara Municipal da cidade. O título é a principal honraria da casa e tem como objetivo reconhecer o trabalho de pessoas que não nasceram em Salvador, porém atuam com notável contribuição para o desenvolvimento do município.
Presidente da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais), Keila reside em Salvador há 37 anos e é um dos principais nomes da causa LGBTQIAPN+ no Brasil. Ela celebrou o título que recebeu no plenário Cosme de Farias, em homenagem ao Mês do Orgulho LGBTQIAPN+.
– Obrigada, Salvador, por me acolher há 37 anos. Aqui parei minha aventura rumo a São Paulo e resolvi viver. Aqui recebi afetos, amores e dores; aqui constituí a minha família e ela é carregada de pessoas alto astral. Não cheguei aqui sozinha e continuo não me sentindo sozinha – afirmou em uma publicação em sua rede social.
A honraria concedida a Keila Simpson foi um marco comemorado pelo Mandato Coletivo Pretas Por Salvador, responsável pela indicação.
– Tivemos uma vitória no Mês do Orgulho LGBT que foi a aprovação do nosso projeto de resolução que confere o Título de Cidadã para Keila Simpson, que é do Maranhão, vive em Salvador há quase 40 anos, fazendo luta com pessoas que estão em situação de prostituião, pessoas em situações de rua, para construir esse debate Então, esse título é mais do que merecido e é uma honra para nós que ele tenha sido aprovado exatamente no mês do orgulho – afirmou a vereadora Laina Crisóstomo.
Uma das ativistas mais importantes do país, Keila Simpson nasceu em Pedreiras, no interior do Maranhão. Na década de 80, trabalhou como doméstica em Teresina, no Piauí, onde teve o primeiro contato com a prostituição. Também residiu em Recife, porém foi na Bahia que construiu todas as bases da sua militância.
Na década de 90, Keila fundou a Associação de Travestis de Salvador e a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), que preside até hoje. Ela também tem forte atuação como militante do campo social no enfrentamento da epidemia do HIV.
Em 2013, Keila Simpson presidiu o Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT, mesmo ano em que recebeu, das mãos da então presidenta Dilma Rousseff, o Prêmio Nacional dos Direitos Humanos, em reconhecimento aos serviços prestados à comunidade LGBTQIA+.
No ano passado, Keila fez história ao se tornar a primeira travesti Doutora Honoris Causa do Brasil, título aprovado por unanimidade pelo Conselho da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).